Após o nascimento do bebê, o ritual de gotinhas e picadinhas é constante até os 15 meses. No Brasil, é possível vacinar a criança tanto no posto de saúde quanto nas clínicas privadas. Como escolher?
O Programa Nacional de Imunizações, promovido pelo Ministério da Saúde, é considerado um dos melhores do mundo. As vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são as incluídas no Calendário Nacional de Vacinação. São gratuitas e estão disponíveis para todos os bebês e crianças brasileiras.
Por outro lado, as clínicas privadas oferecem algumas vacinas que não são disponibilizadas pelo SUS, mas que também são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Fica a critério dos pais decidir entre posto ou clínica. Em geral, são os pediatras que orientam sobre quais vacinas o bebê deve tomar.
DIFERENÇAS ENTRE VACINAS
As diferenças entre posto e clínica dizem respeito tanto à formulação da vacina quanto à oferta da vacina.
Penta x Hexavalente
O calendário da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) indica que os bebês aos dois, quatro e seis meses de idade sejam imunizados contra seis doenças potencialmente graves: difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, hepatite B e Haemophilus influenzae do tipo b – bactéria causadora de meningite e outras infecções graves como, pneumonia e septicemia. Tanto sistema público como clínicas privadas oferecem essa imunização. No caso do SUS, os usuários recebem a pentavalente + hepatite B e, na rede privada, já é oferecida a hexavalente. São basicamente duas diferenças:
– No SUS, para ficar protegido das seis doenças, o bebê recebe duas picadas. Se for imunizado com a hexavalente oferecida nas clínicas, a proteção se dá apenas com uma aplicação.
– A vacina do SUS é feita com partes inteiras das bactérias e dos vírus. Já a oferecida pela rede privada a vacina é acelular. A eficácia e segurança são similares, mas os efeitos adversos são menos frequentes e intensos quando se usa a acelular.
Rotavírus
O SUS oferece a vacina oral monovalente (VRH1) enquanto as clínicas particulares oferecem a vacina oral atenuada pentavalente (VR5) – a diferença é na quantidade de tipos de vírus contra os quais a criança fica protegida.
O rotavírus é, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o principal agente causador de diarreia em bebês e crianças. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda a aplicação da vacina em duas doses em todo o território nacional.
Meningocócica C e ACWY
Há duas vacinas contra a meningite C disponíveis no Brasil: a “meningocócica C conjugada”, oferecida gratuitamente em postos de saúde, e a “meningocócica conjugada ACWY”, disponível apenas em clínicas particulares.
A principal diferença entre as duas vacinas é que a oferecida pelo SUS contém proteção contra a bactéria Neisseria meningitidis do grupo C. Já a “meningocócica conjugada ACWY” é quadrivalente e também oferece proteção contra os meningococos dos grupos A, W e Y – com incidência de 20% do total das meningites. Já a meningite C responde a 70% dos casos da doença.
Meningite B
Oferecida apenas em clínicas particulares. Recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), protege contra a meningite bacteriana causada pelo meningococo b. A doença bacteriana provoca a inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e medula espinhal.
Por que as clínicas particulares oferecem vacinas extras?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), questões de custo e de capacidade de produção dos laboratórios não permitem que o governo disponibilize todas as vacinas para toda a população. Sendo assim, o Ministério da Saúde estabelece prioridades, com foco nas doenças que mais acometem a população e nas faixas etárias com maior risco de adoecer e apresentar complicações.
A SBim possui um programa de acreditação destinado a verificar se as clínicas privadas de imunização estão cumprindo as normas de vacinação estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Além disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda a aplicação de certas vacinas que não são disponibilizadas pelo SUS.
Dr. Paulo Falanghe